O Corredor de Biodiversidade da Amazônia celebrou, em outubro, mais uma conquista: o Viveiro Semeando e Plantando o Futuro concluiu seu cadastro no Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem). Negócio de base comunitária, o viveiro mobiliza todo o assentamento P.A. União Boa Vista — conhecido como “50 BIS”, em Itinga do Maranhão (MA) — e representa uma importante estratégia de geração de renda para 54 pessoas de 15 famílias.
Com o Renasem, o Semeando e Plantando o Futuro está regularizado junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), podendo comercializar mudas para todo o país. O registro identifica o espaço nas categorias de produtor, beneficiador e armazenador de mudas, reembalador e armazenador e comerciante de mudas e sementes. Esse novo passo é muito importante para a valorização do trabalho realizado pela comunidade, assim como para a validação do comprometimento e da qualidade do serviço prestado.
Liderança na comunidade e coordenadora do Viveiro Semeando e Plantando o Futuro, Graciane Silva contextualiza que o negócio comunitário é uma iniciativa que conecta alternativas de renda e cuidado com o meio ambiente. “Hoje é uma satisfação muito grande para nós termos esse viveiro como uma fonte de renda e também como uma escola de aprendizados. Aprendemos como trabalhar o meio ambiente, como produzir sementes e como produzir novas mudas para grandes empresas estarem reflorestando ou até mesmo nós, também, estarmos reflorestando áreas na nossa terra”, explica a coordenadora.
O viveiro é um espaço que vai além da geração de renda: ele envolve toda a comunidade na construção de saberes. “A comunidade é bem engajada nesse trabalho e gosta, tanto os adultos como as crianças. A gente também usa o viveiro para trabalhar a escola: os professores trabalham com o viveiro na Semana do Meio Ambiente e no Dia da Árvore, por exemplo… E até mesmo para trabalhar a proteção do meio ambiente, como reflorestar e formas de prevenir o desmatamento”, continua.
Quando o assunto é sonhos para o Semeando e Plantando o Futuro, o desejo é expandir: que a atuação do viveiro se fortaleça, que seja autossuficiente e que as pessoas da comunidade que o constroem consigam se capacitar para melhorar as estratégias do negócio. “O sonho que eu tenho é que o viveiro consiga se sustentar. Que venhamos a conseguir mais vendas e trabalhar de forma mais unida para que o viveiro cresça. Porque a gente vê a empolgação dos moradores para trabalhar aqui e conseguir uma renda fixa”, finaliza Graciane Silva.
A conquista do assentamento P.A. União Boa Vista é fruto do compromisso, organização e engajamento da própria comunidade com o projeto. Carolina Sales, coordenadora operacional do Corredor, contextualiza que essa realização conecta-se diretamente com outro componente de atuação: o fortalecimento institucional das organizações socioprodutivas beneficiárias.
“A inscrição do Semeando e Plantando o Futuro só foi possível porque a Associação Comunitária de Lavradores Boa Vista de Itinga do Maranhão estava regularizada — resultado do acompanhamento técnico e organizacional do projeto, que auxiliou no processo de organização e adequação documental necessária para o registro, e do envolvimento da comunidade”, esclarece.
Viveirismo como estratégia de geração de renda e sustentabilidade
Para atingir seus principais objetivos — gerar renda e promover a restauração florestal nos territórios onde incide —, o Corredor de Biodiversidade da Amazônia atua a partir de quatro principais componentes. Um deles é o fortalecimento dos arranjos produtivos locais, apoiando os processos de organização, beneficiamento e comercialização da produção de base comunitária.
Em diálogo com esse eixo, nasceram o Viveiro Semeando e Plantando o Futuro, em Itinga do Maranhão (MA), e o Viveiro de Mudas e Sementes São Jorge, em Cidelândia (MA). Ao longo do planejamento das ações de restauração ecológica e implantação dos quintais agroflorestais, o projeto identificou a ausência de oferta local para mudas nativas e frutíferas. Esse cenário mostrou uma possibilidade inexplorada de mercado regional: a valorização dos viveiros comunitários como uma oportunidade para gerar renda e fortalecer essa cadeia produtiva sustentável, que conecta restauração e agroecologia.
Iniciado em 2023, o Corredor de Biodiversidade da Amazônia é fruto da parceria entre o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS), a Suzano e a Sofidel, com apoio da Amazon Onlus. Atua nos estados do Maranhão e do Pará com o objetivo de gerar renda nas comunidades e conservar a biodiversidade amazônica, a partir do fortalecimento dos arranjos produtivos locais.
