A comunidade da Vila São Jorge, assentamento localizado na zona rural de Cidelândia (MA), inaugura a Casa de Farinha São Raimundo nesta quinta-feira (6), a partir das 8 horas. Criada no âmbito do projeto Corredor de Biodiversidade da Amazônia, a agroindústria busca gerar renda na comunidade por meio da valorização da cadeia da mandioca, em sua produção e beneficiamento. O novo espaço será gerido coletivamente e dará continuidade a um legado de qualidade e tradição na produção da farinha no território.
A Casa de Farinha São Raimundo é um negócio coletivo de impacto social, econômico e ambiental. Engajando toda a comunidade da Vila São Jorge tanto na produção quanto no beneficiamento, sua gestão será liderada pela Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Projeto de Assentamento São Jorge (ASPRAJORGE).
A construção da Casa de Farinha começou em junho de 2025 — e agora, a inauguração representa um marco importante na trajetória do projeto junto à Agrovila São Jorge, explica Carolina Sales, coordenadora operacional do Corredor de Biodiversidade da Amazônia. “Desde 2023, início do projeto, ficou claro que não havia outro caminho senão fortalecer a cadeia da mandioca, reconhecendo a vocação produtiva local e o valor cultural dessa atividade”, relembra.
A produção de farinha é cultural e enraizada na Vila São Jorge. Apesar desse vínculo, os farinheiros do território reconhecem que é um trabalho desafiador, que exige esforço físico intenso e precisa começar de madrugada, para driblar o calor. Reginaldo Marques de Sousa, uma das referências na produção de farinha na comunidade e responsável pela Farinheira Artesanal, explica que a produção tradicional e manual exige, no mínimo, quatro pessoas — enquanto, com a nova agroindústria, até duas pessoas conseguem produzir, no mesmo período de trabalho, uma maior quantidade de farinha.
Na visão do farinheiro, a Casa de Farinha São Raimundo vai apoiar diretamente a produção, tanto em eficiência quanto em qualidade. “Com a nova Casa de Farinha, o produto vai sair embalado [e rotulado]. O consumidor vai comprar um produto e saber que ele tem segurança alimentar, não tem risco à saúde e nem risco de contaminação. Tudo certinho, igual ao que encontramos no supermercado. Fica confiável”, afirma o tradicional produtor.
“Para nós, é só alegria essa nova Casa de Farinha”, comemora Reginaldo Marques.
A Casa de Farinha São Raimundo é uma iniciativa do projeto Corredor de Biodiversidade da Amazônia, realizado em parceria entre o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS), a Suzano e a Sofidel, com apoio da Amazon Onlus.
Como parte das estratégias de geração de renda do projeto, busca valorizar os arranjos produtivos locais, com foco na bioeconomia e no uso sustentável dos recursos naturais. “A partir da certificação e regularização de todo o processo produtivo, a comunidade passa a ter não apenas uma fonte de renda fortalecida, mas também um símbolo concreto do desenvolvimento territorial que o projeto Corredor de Biodiversidade da Amazônia busca promover”, finaliza a coordenadora Carolina Sales.
Para transformar esse reconhecimento em prática, o Programa Rural Sustentável implementa, no Cerrado e na Amazônia, estratégias adaptadas à realidade de cada bioma. O foco é fortalecer a autonomia financeira das mulheres rurais, ampliando sua representatividade no campo e aliada a conservação da floresta.
Atualmente, são mais de 1.500 beneficiárias no Projeto Rural Sustentável – Cerrado e no Projeto Rural Sustentável – Amazônia, incluindo agricultoras, produtoras e agroextrativistas ligadas às organizações socioprodutivas. Neste contexto, todas se tornam pilares da sustentabilidade ao criarem um ambiente de aprendizado, escuta ativa e com olhares atentos às necessidades do campo.
